terça-feira, 9 de junho de 2009

Violeta's dream

O vestido deslizou suavemente pelo seu corpo, desenhando-lhe as curvas, desenhando-lhe o momento. Olhou-se ao espelho, pegou delicadamente no brinco e pô-lo com um gesto lento na orelha direita, repetiu o gesto com o outro brinco.

Hoje não correria, porque o dia que tanto ansiara tinha chegado, e tudo decorreria a seu tempo, não queria apressar nem um segundo do que sonhara.

Calçou as sandálias, puxando cuidadosamente a fita e apertando a fivela, reparou nos detalhes, no strass ao centro, nos saltos altos e finos, no cetim... Tal e qual idealizara...

Olhou-se novamente ao espelho, mas desta vez reparando na sua figura, nos seus cabelos ruivos , a maquilhagem suave, o contraste da cor da pele e do tecido, as pernas e sua postura de saltos. Mas havia um pormenor que sobressaía no conjunto, o brilho dos olhos. Denunciavam o quão radiante se sentia. Esboçou um lindo sorriso, sincero e feliz, finalmente estava a viver a história de encantar.

Perfumou-se com aquele aroma doce que parecia ter sido feito só para ela e inalou um pouco sentido o perfume preferido.

Estava pronta para sair.

Tocaram à campainha. Sentiu borboletas no estômago como se a primavera tivesse chegado e a sua barriga fosse o sítio preferido de uma debandada de esvoaçantes borboletas que a deixavam enebriada.

Em passos lentos e seguros, dirigiu-se à porta, conseguia ouvir o seu coração enquanto os seus saltos ressoavam no chão.

Fechou os olhos, esperou um momento com a mão na maçaneta e finalmente rodou-a.

Ficou sem palavras! Era mesmo verdade e estava de facto a acontecer! À porta olhava-a pessoa que tanto esperou ter a seu lado no baile, no seu baile de finalistas. A pessoa que amava olhava-a e simplesmente sorria.

Apertou-a num abraço sentido que o seu conto de fadas ainda agora começara.

Perdeu-se na imensidão verde da sua íris e tocou os lábios com os seus, suavemente, sensualmente, pressionando-os levemente, as línguas tocaram-se e carinhosamente os lábios voltaram a tocar-se. Passou a mão no pescoço sentindo-a como tanto gostava e pensou "Amo-te".

Pegou na mala, deu-lhe a mão e sairam.

Era verdade, o seu par era mesmo aquela pessoa.

A história que tinha imaginado em volta daquela situação seria tal e qual o que pensara: divertir-se-ia com os amigos, acompanhada de alguém que lhe era tão fundamental numa noite que para ela tinha um quê de mágico, como nos bailes das princesas de que tanto gostara na infância.

"A menina dança?"

E rodopiou pela sala ao som da valsa.

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